Harajuku é a área conhecida em volta da “Estação de Harajuku” no município de Shibuya, em Tóquio.
Todos os domingos, jovens envergando os famosos street styles japoneses reunem-se em Harajuku para socializar e, com sorte, serem fotografados.
Os estilos destes jovens raramente se podem definir ou associar a uma orientação espicífica, são antes uma mistura de diversas inspirações, asiáticas e ocidentais, que fazem de Harajuku uma das capitais da moda mais “particulares” do mundo.
A street fashion por lá passeada todas as semanas é divulgada no Japão e internacionalmente por publicações como a Kera, TUNE, Gothic & Lolita Bible, e noutras ainda que mais ocasionalmente, sendo a revista FRUiTS, a mais reconhecida dentro do género.
Esta revista foi criada por Shoichi Aoki em 1997, com fotografias de rua capturando a moda radical japonesa de Harajuku, que inspirou designers por todo o mundo.
Hoje em dia, a FRUiTS é uma fanzine de culto para os seguidores das subculturas desenvolvidas ao longo dos anos em Tóquio, entre as quais o punk e cyber, decora e kawaii (estilo “cute”), ganguro (beach look), kogal (colegial), visual kei (“estilo visual”), roupa inspirada em personagens animadas (anime cosplay) é também bastante popular, assim como o “hand-made style”, e muitas outras variações e subgéneros.
A moda em Harajuku é de tal modo criativa e diferente do que se vê em outras capitais da moda, que tudo o que lá surge se pode designar como “harajuku style”: basicamente, um “mix and match” de peças de grandes marcas com roupa vintage, com uma incomparável inspiração dos trajes japoneses trazidos para a actualidade, sem esquecer a permanente e forte presença das diferentes subculturas.
Harajuku é também um grande distrito comercial que inclui marcas de renome internacional, as suas próprias marcas - a maioria nascida no boom dos anos 80 e 90 e as que ainda se conseguem manter activas - e também lojas com roupas em segunda-mão, ou com artigos mais em conta, especialmente vocacionadas para os jovens com, naturalmente, menos fundos.
Para aprofundar o desenvolvimento da moda neste local há que remontar ao final dos anos 40, em que Harajuku passou de um terreno baldio (depois da II Guerra Mundial) para a zona de habitação dos soldados americanos, chamada Washington Heights.
Durante os Jogos Olímpicos de Tóquio em 1964, Washington Heights foi usada como aldeia olímpica, o que deu uma nova vida à zona.
No início dos anos 70, revistas de moda como a Anan e Non-on, divulgaram a imergência do novo "bairro chic", ao mesmo tempo que a recente estação de metro construída nas proximidades, aumentou o tráfego pedonal.
O “Paraíso Pedestre” da moda pelo qual Harajuku é mais conhecida foi estabelecido em 1977, e no ano a seguir surgiu o agora conhecido complexo de moda, Laforet, seguido por um aumento no número de lojas de roupa.
Por volta dessa altura, a zona passou a ser conhecida por “Din Street” (rua do barulho), pois tornou-se a casa da crescente cena boémia que se vivia, e de vários artistas radicais amadores, devotos de street fashion.
Um desses grupos era designado por “takenoko-zoku” (tribo takenoko). O nome surgiu da música pela qual eram conhecidos, e que durante os anos 70 e 80 os juntava em Harajuku, onde demonstravam regularmente o seu estilo retro cool, que ainda hoje em dia é relembrado na loja de roupa Takenoko que se mantém desde então.
Infelizmente, durante os anos 90, a crise económica provocou incidentes culturais que, eventualmente, conduziram ao decréscimo dos artistas de rua no local, e o número de fãs de visual kei, rockabilies e punks também desceu gradualmente
Hoje em dia são raras as actuações de rua, mas ainda assim, os turistas ficam sempre surpreendidos com a quantidade de jovens que se exibem em Harajuku nos seus trajes criativos e teatrais.
Harajuku é tanto um local como uma tendência de moda; mas embora a tendência se capte actualmente noutras partes do mundo, em mais lado nenhum é tão popular como no seu local de origem.
Como noutras formas de moda, a intenção aqui é a liberdade de expressão pessoal, e embora o Japão não tenha um passado de abertura a novas ideias, o paradigma mudou.
Em Harajuku, não só os jovens se podem vestir sem pressões sociais – pelo menos um dia por semana -, como nem são as marcas que ditam as tendências, mas são sim as pessoas na rua que ditam o que as lojas devem vender.
Harajuku é um distrito único, de moda e entretenimento, não só em Tóquio, mas também noutras partes do mundo, pela forma caracterírtica como o público se relaciona com a moda, e pela relação singular que esta tem com o mercado.
Contudo, ao contrário do que se pode pensar do lado de fora, Harajuku não é só para os jovens fashionistas, mas para todos os gostos, com vários cafés e restaurantes temáticos, diversas lojas e boutiques, desde o mais caro ao mais barato – sendo todos os diferentes tipos de mercado divididos geograficamente por ruas dentro da zona.
Sem comentários:
Enviar um comentário